Escolhas da Equipe Vol. III

Seguimos com as indicações da nossa Equipe, desta vez trazendo algumas indicações interseccionais, além, é claro, daquelas do nosso país.

Experiência Eva Grão, EP da Anna Suav

Pra mim, toda regravação é um caminho arriscado para um artista. Colocar músicas que marcaram sua carreira em uma outra roupagem pode estragar o estilo consagrado de outrora, mas não é o que acontece com Anna Suav em “Experiência Eva Grão”. Trazendo as músicas de seu primeiro EP para um estilo voltado para o drill, a rapper me surpreendeu por ter casado tão bem o gênero sujo com as letras suaves. Além das músicas, recomendo assistir os videoclipes que acompanham esse projeto. Vale muito a pena por serem vídeos que conversam entre si e conseguem trazer muito bem a estética e o novo estilo das músicas, além da excelente performance de Suav. – Sugerido por: Michel Chermont

Luzes e Flashes, música de Ogoin, Linguini com participação de Maui

O novo single da dupla mineira Ogoin e Linguini, com feat do carioca Maui é o prelúdio do álbum de estreia, que pretende trazer nostalgia aos nossos ouvidos. Novamente a combinação entre os vencedores do Prêmio Rap Br, retorna as atenções da cena para BH, a cidade que vem trazendo experimentações sonoras e criatividade, não se prendendo a sonoridade pasteurizada do mainstream. Com a nova música explorando diversas vozes e sonoridades dos intérpretes, com Ogoin e Maui alternando entre versos de rap e partes cantadas, traz uma nova camada sobre a arte de ambos e me deixa curioso pelo que será o álbum. O beat do Linguini explora bastante o ritmo e faz a música ser dançante e quando toca na pista é difícil não se envolver pela melodia. – Sugerido por: João Augusto

Iphone, música do Jovem Blues com produção de Caue Gas)

A promessa do r&b brasileiro. Um som envolvente, bem construído e bem produzido, um verdadeiro hit. Jovem Blues chega mostrando que é desejado, mas não está com cabeça para romance no momento, o sucesso é mais importante (e como). Sobre a produção, Caue Gas encontra o equilíbrio perfeito: um beat marcante, que acompanha o refrão, mas ao mesmo tempo leve, daqueles sons que dá vontade de ouvir toda hora e não enjoa. – Sugerido por: Paula Paoli 

Sem Leme, música de iéti e Felipe Vaz

iéti e Felipe são dois artistas do underground carioca, mas de vertentes diferentes, e se complementam perfeitamente nessa música — que me lembrou muito as canções íntimas e, ainda assim, ritmadas da Marina Sena. Felipe Vaz é melódico, traz em sua caneta um olhar mais íntimo, sobre amores e promessas não cumpridas, cadenciando suas linhas no ritmo acelerado de Jersey. Já iéti, traz suas vivências da rua para a letra de uma música que fala sobre desilusão amorosa.  – Sugerido por: David Silva

SCARING THE HOES, mpusica de JPEGMAFIA & Danny Brown

Estreio aqui no Escolhas da Equipe trazendo um pouquinho do lado “esquisito” do rap gringo. Sozinhos, em suas respectivas discografias, já são suficientemente estranhos e experimentais; logo, a mistura desses dois outsiders do Hip-Hop não poderia ser nada além de doidera pura. Percebe-se aqui, na estética sonora do álbum, uma influência forte do horrorcore com traços de lo-fi e uma psicose musical capaz de te levar das cracolândias imaginárias ao miolo de um filme blackexplotation dos anos 1970. Genial, peculiar e uma boa pedida para quem tem paciência pra algo fora do mainstream. – Sugerido por: Matheus de Moura

Quem Diria, música de Juju Rude produzida por Drew, lançada no projeto DUTO CAMP

Eu já vinha acompanhando a Juju Rude como uma artista que poderia se desenvolver no último ano principalmente. Foi com essa faixa que todo esse potencial se traduziu em realidade. “Quem Diria” tem produção de Drew, um grime misturado com reggae, e mostra uma Juju muito criativa na entrega, se aproveitando da influência jamaicana, sem deixar de lado a caneta afiada. “Avisa lá pro Bob Marley que essa mulher não chora. – Sugerido por: Kleber Briz

300 Mano, música do MC Brinquedo com participação do Kyan

Não esperava uma faixa tão séria e consciente do MC Brinquedo, o que me surpreendeu positivamente (fazia muito tempo que não ouvia algo dele). Com a aproximação entre rap e funk aqui no Brasil, com produtores como Wall, que assina a faixa, esse tipo de parceria fica cada vez mais frequente, ainda mais com Kyan sendo um artista com muita influência do funk. Brinquedo entrega vocais mais cantados, que transmitem certa emoção, enquanto que Kyan traz um verso mais voltado para o rap, mantendo a letra consciente e com uma levada mais rápida. Cabe ainda um destaque especial para atuação do funkeiro no clipe dirigido por Guilherme Cardoso, que dá mais profundidade a faixa ao apresentar a faixa em um cenário do sistema carcerário. – Suegerido por: Kleber Briz

Sequência primorosa do Nas, finalizada agora em 2023

O MC novaiorquino e produtor de Califórnia construíram com essas duas séries de discos algo pouco visto no Rap mundial, uma harmonia e versatilidade mágicas. Nas se mostrou impecável na caneta, mostrando novas formas de falar sobre os mesmos assuntos e trazendo novas perspectivas para assuntos atuais. Enquanto que Hit-Boy se desafiou a mostrar uma grande variedade de produções.

Mesmo aos 50 anos, Nasir demonstra a vontade de um jovem de 20 que acabou de lançar sua primeira música de sucesso, porém com uma maturidade e experiência agora incomparáveis. Para além das músicas lançadas para “trends” no TikTok ou sucessos momentâneos, o que foi produzido por esses dois artistas é verdadeiramente inspirador e ficará marcado na história do Hip-Hop, que assim como o MC, completa 50 anos em 2023. Não soa poético? – Sugerido por: Kleber Briz

Supernova, música do Zudizilla com participação da Melly

O novo álbum de Zudizilla é tão bom quanto o seu premiado antecessor. Reouvindo o álbum há alguns dias, me vi tocado pelo refrão de Melly em “Supernova”, que me hipnotizou pela melodia e flow da cantora, misturando inglês e português, encaixando bem com as rimas leves de Julio César na track. Uma boa pedida pros casados e casadas. – Sugerido por Michel Chermont

O Amor, O Perdão e a Tecnologia irão nos levar para outro planeta, disco do FBC

O novo álbum do FBC é incrível e merece a sua atenção. O disco traz reflexões sobre como a tecnologia mudou as relações amorosas, a importância do perdão e a modernidade do relacionamento atual. Fazendo um  pequeno trocadilho, FBC te leva para uma viagem para outro planeta em busca pela salvação da humanidade em meio ao capitalismo.

 Ugo Ludovico e Pedro Senna, responsáveis pela produção do disco, estão em completa sintonia com o músico, que se mostra um artista cada vez mais denso. Os feats são incríveis — destaques para Abbot, que está em 4 faixas, e Don L — e se encaixam perfeitamente na estética futurista. – Sugerido por: David Silva

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