Jovem MK fala sobre Kondzilla, futuro e representatividade

Conversamos com a Jovem MK sobre FUTURO e REPRESENTATIVIDADE, enquanto única mulher artista de rap dentro do selo musical Kondzilla.

Cria da quebrada do Jardim São Sebastião, no município de Hortolândia, interior de São Paulo, MK tem uma base sólida dentro das batalhas de rima no país e consolida-se como uma grande aposta dos gêneros trap e drill no cenário da música urbana brasileira.


FLAGRA: A Kondzilla – produtora e incubadora musical criada por Konrad Cunha Dantas, o Kond, é referência em fornecer suporte para artistas que vêm da periferia, e difunde principalmente, àqueles crescidos junto com o funk. Todavia, nos últimos anos temos visto também um grande investimento em artistas de outros gêneros musicais. Como tem sido pra você, ter todo esse aparato de uma equipe gerenciando os seus lançamentos e carreira? E qual o impacto positivo disso na sua carreira artística?

    JOVEM MK: Quando eu era independente, eu tinha menos suporte. E quando gravava um clipe, ele só saia depois de tempos. Com a KondZilla, esse processo ficou mais rápido e com a qualidade e profissionalismo que eu queria. E para mim, teve bastante impacto por ser a única mina que faz rap na empresa. Foi da hora ser uma das primeiras no rap na KondZilla, que a gente consegue ver onde tá chegando e o que tá conquistando. 

    FLAGRA: Ouvimos por aqui o EP “Jovem Cara”, seu segundo EP gravado nos estúdios da Kondzilla e ele traz uma roupagem muito diferente do que foi feito em “Da Viela pro Mundo” também lançado em 2023. Nesse curto prazo de uma produção a outra, e partindo desse domínio nos mais diferentes segmentos musicais, como o rap e a vertente do trap, e o grime e o funk, como você processa essas mudanças dentro do seu processo criativo e no que isso reflete sobre o que você busca entregar para os seus ouvintes?

    JOVEM MK: Na real, nem teve muita mudança. Eu só fui mais light no “Da Viela pro Mundo”. Mas o linguajar é o mesmo, a mensagem é a mesma. Só a abordagem que é diferente, trazendo mais a essência do funk, que é de onde vim. Eu fiquei mais explícita com as coisas no “Jovem Cara”, e no “Da Viela pro Mundo” fui mais tranquila, da forma que a galera quer ouvir. A visão é a mesma, só o modo de expor é diferente. 

    FLAGRA: E é parafraseando um trecho do single “Fazendo História”, a qual você diz: São Paulo é cinza mas é nois que brilha puxando no peito aquele trator” que te farei essa pergunta. Você é natural do município de Hortolândia, no interior paulista. Para uma artista nascida e criada dentro de uma comunidade periférica longe do grande centro, qual a dificuldade de fazer arte nesse ambiente, comparado à grande São Paulo? 

    JOVEM MK: A diferença é que nosso som demora chegar na capital. Aqui a gente tem tudo: casa de show, contratantes, tudo. Mas, é mais difícil a galera da capital consumir. A galera não visa muito o interior, os empresários, as gravadoras… A diferença é essa: fazer dar certo e chegar nos nomes que tem que chegar. Chegar nas grandes empresas, os empresários…. conseguir ter a visibilidade do mercado e do público.

    FALGRA: Na faixa “Esse Din Aqui”, lançada no dia 15 de fevereiro e em collab com a artista carioca BTrem, vemos uma conexão natural entre os estados RJ e SP, agregada à versatilidade musical de cada uma. E gostaríamos de saber, como nasceu esse feat, como ela entrou no seu projeto? Qual foi o seu “estalo” para concretizar essa parceria em drill, recheada de flows diferenciados, punchlines e líricas potentes? 

    JOVEM MK: Já nos seguíamos no Instagram e trocamos uma ideia básica em um evento do Spotify. Daí fui para o Rio com o meu A&R da KondZilla, Cesão, e resolvemos nos encontrar com a BTrem. Ficamos ouvindo o beat que o produtor apresentou e ali mesmo já escrevemos e pensamos: é essa!

      FLAGRA: Como você acredita que a sua ascensão no cenário do rap brasileiro, impacta a representatividade do DDD 019 para novas audiências e diferentes meios de acessibilidade aos artistas do interior em selos musicais de renome, como a Kondzilla? 

        JOVEM MK: O pessoal do interior acha que nada é possível, e que a capital é muito distante. E é isso: está distante, mas nem tanto. Seria muito glorioso ser 019 e ser a primeira a chegar nesse topo. Aqui não tem muitos artistas que conseguiram chegar. E será uma honra ser a primeira a chegar e trazer essa fé pra galera daqui também, pra saber que é capaz. 

        FLAGRA: E ter toda essa bagagem de vida fora da capital, influencia a sua expressão em quantos % e por quê?

          JOVEM MK: Hoje eu tô tranquila. Acho que o fato de estar no interior não afeta tanto. A KondZilla me dá um suporte para ir sempre que eu quero tá lá. O fato de morar no interior não influencia tanto. Quando era independente, influenciava 90%. Hoje em dia não mais, por ter esse suporte e logística.

          FLAGRA: E tendo em vista, tudo o que já discorremos nesta entrevista. Para encerrar, o que podemos esperar do seu ano de 2024 na Kondzilla, a respeito de tudo que você tem como referências para explorar e se reafirmar dentro do cenário musical?

          JOVEM MK: Em 2024 a galera não pode esperar menos que rap de qualidade. A molecada que tá na estrada precisa entender que é diferente viver e cantar ou só falar algo que não viveu. Eu vivi a dor na pele e posso dizer e falar de verdade a realidade. O que é viver o rap, o funk. Eles falam o que é. Eu vou mostrar de verdade. E em breve meu primeiro álbum pela Kondzilla vai sair, com uma canetada forte, ensinando todo mundo a fazer rap (brinca MK).

          Foto de capa: Louquera

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