Entendendo “Desculpa” do FBC | Entrelinhas

A diversidade musical de FBC já é conhecida pelo grande público, mas é neste álbum que essa capacidade se aflora. Sendo sincero, me assustei quando o artista migrou para o House após lançar o álbum de Miami Bass “Baile”, que eu considero o melhor trabalho da carreira dele. Mesmo com o susto, posso afirmar tranquilamente: a qualidade de “O Amor, o Perdão e a Tecnologia Irão nos Levar para Outro Planeta” é tão grande quanto o nome.

“Desculpa”, que finaliza a obra, mostra a dificuldade do ser humano de pedir perdão ao próximo, já que pode ser considerado um indicativo de que você é uma pessoa ruim, e como é necessário entender os sentimentos dos envolvidos no seu ciclo. 

Fabricio explora esse tema sob a perspectiva de uma pessoa que acabara de errar mais uma vez e precisava pedir desculpas para uma pessoa amada — o que, para alguns indivíduos, pode ser incômodo, árduo e significar uma quebra de rotina, pois, no fim, ninguém quer dar o braço a torcer.

Em “O Perdão: As Consequências da Falta de Perdão e os Benefícios do Perdão”, a pesquisadora Elem Vlaicimar aponta que ser desculpado pode trazer alívio emocional e ajudar a reconstruir relacionamentos que foram danificados por ações passadas. Quando alguém é perdoado, o indivíduo pode se sentir mais leve e livre de sentimentos negativos como culpa e vergonha. 

Na música, FBC deixa explícito que falhar é algo rotineiro para ele. Um exemplo disso é a repetição da palavra “erro” quatro vezes na segunda estrofe da música, que conta com apenas sete versos. Mas um fator importante visto é que Fabrício demonstra que quer melhorar para se livrar da culpa e da vergonha por ter magoado alguém com seus erros e falhas. 

Fabricio abre a música admitindo que falhou e dando razão para com quem errara: “Eu fiz merda, ‘cê tá certa”. Admitir um equívoco demonstra maturidade o suficiente do eu-lírico para mudar aquilo que passou, seja o que for a tal “merda” citada. 

Embora o desejo de melhorar exista, há um problema citado por FBC: somos humanos e errar está em nossa natureza. Errar faz parte de quem somos e é crucial para definir quem seremos daqui a uma semana, um mês ou um ano. 

Sendo contraditório — que também é de natureza humana —, falhar é o que nos faz acertar, mas o perdão é crucial no processo de desenvolvimento humano, pois é ele que nos ensina a superar sentimentos negativos e a engajar em comportamentos positivos em relação aos outros; e claro, é ele que nos levará para um outro planeta.