Faixa Preta Festival traz elementos do Hip Hop para o sambódromo e engrandece a diversidade carioca

No último sábado (16), os cariocas amantes de Rap puderam contemplar o Faixa Preta Festival, que foi realizado na Marquês de Sapucaí. O evento reuniu grandes nomes do Hip Hop nacional,entre eles Major RD e a dupla Tasha & Tracie, mas também olhou para o underground — artistas que não são amplamente conhecidos pelo público em geral, como Shury, Lis MC e Febem. Com 3 palcos, pista de skate, espaço para grafite, batalhas de rima e fliperamas, o festival recebeu 4 mil pessoas.

Contudo, o evento ainda pecou com falta de organização em alguns aspectos. Inicialmente, fomos avisados que teríamos uma sala reservada para a imprensa, mas, chegando lá, deparamo-nos com apenas uma tenda e algumas tomadas soltas. Além disso, durante o show de Djonga, o público do backstage invadiu a área reservada para a imprensa e tomou grande parte do espaço, o que atrapalhou nossa cobertura.

Ainda assim, foi bem interessante viver um festival que se importou em ser um evento de Hip Hop, e não só uma festa de rap — isto é, valorizar os cinco elementos do Hip Hop: conhecimento, break dance, DJ, MC e Grafite. 

Todas as ativações propostas pela organização transformaram a Praça da Apoteose em um espaço vivo, já que até mesmo nos intervalos entre os shows do palco principal era possível se entreter com as pistas de skates e batalhas de rima. Para quem estava presente, a sensação era a de que a nossa cultura seguia respirando, e não meramente a de estar assistindo a uma sequência de shows de rap.

Falando dos shows, o palco Drill & Grime foi o destaque da noite fluminense. VND, Febem e, principalmente, o Brasil Grime Show animaram o público presente. De forma rápida, o espaço encheu para contemplar os artistas e assim permaneceu até Puterrier encerrar as as apresentações no segundo palco às 3h30 da manhã.

Diniboy durante apresentação do Brasil Grime Show/ Foto: David Silva

Falar que os shows do segundo palco foram melhores que as atrações principais não é uma crítica direta aos grandes nomes do festival, que estava muito bem representado com Djonga, Sant, MV Bill e outros. Pelo contrário, é um reconhecimento de que o underground entrega qualidade, mesmo sem um investimento tão alto quanto aqueles do mainstream.

Djonga, por exemplo, entregou um show digno de um dos grandes nomes da músical nacional. O rapper reuniu casais apaixonados em cima do palco e cantou “Penumbra”, enquanto os cônjuges se declararam um para o outro. Mas nem só de momentos fofos se constituiu a apresentação. Djonga organizou (e integrou) a clássica “roda punk” para os presentes cantarem “Olho de Tigre” e gritarem para todo o Rio de Janeiro ouvir a clássica frase “Fogo Nos Racistas”.

Djonga durante roda punk/ Foto: David Silva

Outro ponto a ser destacado é que a diversidade do público foi contra o que nos acostumamos a ver — e esperar de um festival de rap. Na verdade, foi a única vez que um evento desse porte na cidade, despertou a familiaridade de estar no Rio de Janeiro.

Mas não foi apenas a diversidade que nos trouxe a sensação de estar em mais uma tarde carioca. A ideia de fazer um evento no centro da cidade, com ingressos a preços acessíveis — variavam entre R$60,00 e R$250,00 —, trouxe de volta o sentido de pessoas de todo o estado se reunirem em uma experiência em prol da arte. E estar no Faixa Preta me fez pensar ainda mais que o público é só um reflexo da produção do evento. 

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