Duquesa não esperou a poeira abaixar do sucesso de “Taurus”, disco muito bem recebido pela crítica e pelo público, para lançar a sequência e, como afirmou em entrevistas, expandir a versatilidade para os ouvintes, com mais diversidade sonora do que o trabalho anterior, já reconhecido pela heterogeneidade.
A equipe da Flagra teve a oportunidade de escutar o disco em primeira mão, antes do seu lançamento. Dentre os sons que ouvimos, percebemos amadurecimento, criatividade e fomos pegos de surpresa com algumas escolhas da artista, de uma maneira muito positiva.
Abaixo reunimos alguns dos comentários dos membros da equipe para dar uma noção de como “Taurus 2” mostra uma Duquesa ainda mais ambiciosa.
Manejando as expectativas
Escrito por
Pedro Fumiga
Seja pela versatilidade da artista, pelo sucesso de “Taurus” ou então pelo destaque em singles e participações após o lançamento do primeiro álbum, foi criada uma grande expectativa a respeito do próximo passo de Duquesa. Sabemos que essa espera pode ser um pouco traiçoeira quando pensamos na recepção do público e considerando o espaço curto entre o lançamento de dois projetos.
Felizmente, com “Taurus Vol. 2”, a rapper baiana nos garante que podemos confiar muito em seu trabalho, nos trazendo a constância das rimas e flows da “Big D” que já conhecemos, com uma maturidade e um aprimoramento ainda maior de seus discos, carregada com domínio da caneta, deboche e críticas sobre a cena atual do Rap.Ainda sobre expectativas, Duquesa vai além e nos mostra que existem caminhos diversos que ainda podem ser percorridos com maestria, sem perder sua identidade. Surpreendendo seus ouvintes, por exemplo, nas últimas faixas de álbum, onde explora ritmos dançantes e mostrando capacidade de dominar gêneros para além do rap, principalmente com “Voo 1360” e “Pose”. Com isso, a artista nos gera uma dúvida sobre quais outros gêneros poderia se aventurar, deixando todo mundo, como ela mesmo disse: “… esperando meu próximo lançamento”.
Muitos ritmos e muita coesão
Escrito por
Sah de Aquino
No novo álbum “Taurus Vol. 2”, Duquesa apresenta muita experimentação principalmente de ritmos, variando entre Trap, Jersey, Detroit, R&B, dentre outros ritmos que em alguns momentos se fundem, como ocorre na última faixa em parceria com Urias e Zaila, que tem elementos do Breakbeat, Hardcore, House, Garage e Speed Garage. Para essa experimentação, Duquesa trouxe feats de peso, mas que, em algumas músicas, não entregaram o que se esperava, deixando a desejar.
O álbum, talvez por ser mais experimental, não apresenta um conceito amarrado como foi o próprio “Taurus”, sendo dissonante por ser uma continuação do projeto. O ouvinte é levado de uma música criticando a cena masculina do rap para uma lovesong, deixando-nos em um ballroom; sem contar uma história e sem muita conexão entre as músicas. O que se sente é uma experimentação de várias facetas e coisas que a artista gosta, mas deixando a continuidade sonora do álbum confusa.
Um bom momento para um novo disco
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David Silva
As composições falam sobre as vivências de uma mulher cis preta dentro do meio do Rap, além de abordar suas experiências pessoais. Cada vez maior dentro do cenário musical do Hip Hop, a quantidade de pessoas que se aproximam para se aproveitar do destaque não são poucas e isso é explorado no álbum — mesmo que a narrativa se perca ou vá para um caminho alternativo, em alguns momentos.
Eu considero totalmente plausível afirmar que a Big D entregou tudo neste álbum. Quer flow? Temos “Disk Putona”. Quer melodia? Não se preocupe e dê play em “Só Um Flerte”. Agora, se você quer um motivo para embrazar ou um som para aproveitar a vibe, confie em mim e se divirta com “Pose”, a última música do álbum. Inclusive, a faixa final é uma grata surpresa. Nela, Duq se aventura na cultura do Ballroom, no Electronic Dance Music e deixa um recado bem explícito: “eu ainda tenho muito mais para mostrar”.
Um resultado muito positivo
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Guilherme Garcia
É perceptível a evolução e rapidez com que Duquesa amadureceu seu trabalho no rap, o que, por consequência, ocasionou na reestruturação dos seus sons. Em nível de qualidade, esse trabalho se equipara ao primeiro disco, mas seu grande diferencial é justamente a separação de camadas do que é apresentado. O que resultou em um balanço bem feito entre flow e beat. Apesar de ter um grande apreço pelo vol.1, percebi que a falta desse balanço deixou as faixas com informações excessivas, onde nem a entrega do flow (zona de destaque da artista) e nem os beats entraram em perfeita harmonia. Dessa vez, a escolha de batidas mais simples e características nas faixas possibilitou que seu flow tenha o devido destaque.
Big D! 075
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Flawess
Taurus Vol.2 é a síntese aplicada (e melhorada) das ideias que a Big D! trouxe no Vol.1 de seu projeto, a rapper não sentiu o peso de ter lançado um dos melhores álbuns do ano passado e decidiu apostar em um Vol.2 com com flows diferenciados e beats que transitam entre o Trap, R&B, Drill, Garage, Jersey Club, Bounce e Ballroom. Duquesa soube cadenciar, apostar e fugir da zona de conforto natural em artistas que chegam ao estrelato já em seu primeiro álbum. A seleção da ordem das faixas foi cuidadosamente pensada pela artista para gerar um início mais energético e um final que promete hitar nas principais playlists de R&B da cena. Gostosas inteligentes são um flerte de fim de noite.
Vale a pena ouvir “Taurus Vol.02”?
O novo disco de Duquesa surpreendeu toda a equipe não apenas pela qualidade das produções e das letras, mas pelo desenvolvimento da versatilidade da artista que agora explora ainda mais ritmos do que no seu primeiro volume. Se antes as expectativas eram imensas, agora fica aquela questão: em que direção Duquesa irá seguir? O sucesso, tudo indica, é garantido.
Foto de capa: Julio Justo/ @juliojustoo