Maui (RJ)
ESCRITO POR
David Silva
Maui, natural de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, é um dos jovens artistas que mais me agrada. Ao lado de Afreekassia, acredito que ele seja o que mais foge do padrão de rappers a que estamos acostumados — muito pela influência do R&B nas composições. Seu EP de estreia Rubi nos leva para um passeio na Baixada Fluminense, com todos os altos e baixos vividos por um jovem periférico.
O conceito de dificuldade contra felicidade é executado com maestria, em apenas 4 músicas. “Rubi”, com Big Bllakk, e “Rubi Pt. 2” remetem aos contratempos enfrentados pelos baixadenses, enquanto “Jade”, com Afrodite, e “Absurda” trazem momentos bons para contrapor as complexidades.
E eu sei que não tava nos planos nós-nós se apaixonar
Eu até falei pro meu mano, duvido eu parar
Mas papo reto, eu sou romântico
E quando vi tu sentar, ei
Não foi mais incrível do que vi no seu olhar, baby
A voz de Maui e a capacidade do artista de inovar, ao lado dos produtores, são dois elementos que me animam. Se você precisa de uma voz melódica para o refrão, Maui estará lá, como vimos em “Djavan”, com Luccas Carlos. Se você precisa de um MC para rimar com um bom flow, Maui também será uma ótima opção, como vimos em “Luzes e Flashes”, com Ogoin e Linguini.
Ryu, The Runner (SP)
ESCRITO POR
Kleber Briz
Nascido na Bahia, mas residente de São Paulo desde pequeno, Ryu conquistou os ouvintes do trap nacional em 2023. O rapper demonstra muita qualidade com flows versáteis, cheios de quebras de rimas e repetições, e linhas bem-humoradas, com comparações que vão de Beyoncé a Mister Miyagi, figuras da cultura pop. O artista entregou vários hits, como “DAMN!”, “Me Sinto Oruam”, “Beyonce 2” e “Mantém o Pique”.
Ba-baseado gordo, parece o Ronaldo
Acho que eu sou um fenômeno
Acho que eu sou o mais clássico
Não posso fazer som básico
Neste ano, tivemos o lançamento de seu primeiro disco, Essa é a Vida de um Corredor, em março, que também ganhou uma versão Deluxe com novas faixas em julho. Ambos os discos foram bem recebidos pelo público e pela crítica. Com essa ascensão meteórica, cria-se uma expectativa muito grande para os próximos passos do Ryu, que já se firma como um dos principais nomes do trap nacional.
Btrem (RJ)
ESCRITO POR
David Silva
Btrem é uma artista que iniciou no drill em 2021 e, com poucos lançamentos, foi contratada pela Rock Danger. Suas rimas variam entre feminilidade, futebol, sexo e até mesmo um simples dia de praia no RJ. O trabalho de maior destaque da rapper foi sua participação em sete das 13 músicas da mixtape Rock Danger de Verão.
Meu nome na boca do povo não muda
Bem ou mal, o assunto é a B
Quer saber onde eu tô pra me ver
Fã ou hater? E aí, qual vai ser?
Pega a visão do que vai escolher
Eu sei que é triste nunca me esquecer
Virei referência até pra você
A rapper lançou apenas um single em 2023: “Tipo Anitta”, com a participação de MC Luanna. As duas falam sobre a independência da mulher negra e glorificam as conquistas pessoais de ambas. Além dos lançamentos já citados, a jovem também esteve presente na mixtape Verão Criminoso, do selo Gigantes. Mesmo com poucos trabalhos, Btrem despertou em mim uma enorme curiosidade para conhecer mais sobre a sua capacidade, e é uma das revelações que ficarei de olho para 2024.
Afreekassia (SP)
ESCRITO POR
Kleber Briz
O retorno de Afreekassia para a música não poderia ser melhor. Com a impactante faixa “Sou + As Negras”, uma introdução ao EP Sou + Eu, somos reapresentados a uma artista que tem muito a oferecer para cena. Com uma cadência mais lenta e marcante, que faz um contraponto às produções de drill, a paulista retrata a cultura da mulher negra com muita sensibilidade.
Sou mais eu, minha postura, minhas miçangas na cintura
Às vezes beiro a loucura, mas sou minha própria cura
Eles são várias misturas, eu sou logo a pura
Amo minha pele escura, preta alfa absoluta
Inclusive a questão estética da artista também é algo de destaque, explorando este aspecto como Ebony, NINA e Slipmami, mas diferenciando muito bem destas artistas. Um exemplo claro é o videoclipe de “Sou + As Negras” que tem sua produção intimamente decidida pela carioca, do roteiro à produção, que conta ainda com auxílio de Bruna Mara, coreógrafa, que assina a produção do videoclipe com Afreekasia.
Sumano (PA)
Respeita de quem desde que tinha 13
Botava no mapa o Rio Anapu
ESCRITO POR
Michel Chermont
O Norte é um celeiro de craques, e desde 2017, nós vemos emergir figuras cada vez mais talentosas, e o artista paraense é uma prova disso. Com NORTES, um disco sólido com uma qualidade absurda, Sumano se mostra um artista que canta sua verdade em cada linha de sua música. Conhecer e ouvir o rapper do Rio Anapu é conhecer a realidade de uma comunidade que por muito tempo foi ignorada pela mídia, pelas autoridades e até mesmo pela cena musical paraense.
Com uma variedade de estilos que consegue versar, o MC tem um potencial grande para ser um dos grandes nomes do rap nacional nos próximos anos, embora quem já o acompanhasse na cena paraense já o considere como tal.
Eu sonhei com a facul, me disseram “não pode”
Eu quis fazer rap, disseram “não pode”
Eu trouxe o diploma e um álbum pros nossos
Mas não preciso provar o que posso
